sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Sobre os Labiríntos que se erguem

“Existe um risco nisso tudo, mas acho que nas circunstâncias atuais vale a pena corrê-lo. Não creio que consigamos reavivar o estado de coisas em que vivemos e não acredito nem mesmo que valha a pena apegar-se a essa idéia; Mas proponho alguma coisa pra sair do marasmo, ao invés de continuar a gemer diante desse marasmo e desse tédio, diante da inércia e da imbecilidade de tudo.”
(Antonin Artaud)


Parece-nos claro o quanto estudar nos alimenta. Buscar referências, e, às vezes, até mesmo "palavrificação" para os nossos sonhos, sensações, suspeitas. Ver no outro a clarificação de algumas confusões mentais, clarear e confirmar os instintos...

A simbologia do LABIRÍNTO, a Merkaba, o Butoh, as frequências sonoras, a física quântica, as reflexões do Artaud, as experiências de exaustão física, a dureza de algumas imagens e a MÚSICA, são elementos que magneticamente se convergiram até esse nosso centro nervoso de BUSCA.

O que todas essas coisas podem representar artisticamente para nós? Qual força ou aspecto em comum há entre elas? O que nos interessa enquanto pesquisa pessoal e enquanto coletivo que pretende estabelecer COMUNICAÇÃO com a SOCIEDADE?

A partir disso, e do que mais se convergir, qual linha escolhemos traçar?

Não há dúvida de que nossa pesquisa está encharcada de metafísica, abstrações, subjetividades em tormenta, intelectualismos, teorias e tratados. A árdua tarefa é transpor significativamente tais elementos e questões para o corpo e o som, de forma a causar identificação e/ou envolvimento nos que presenciam. Porém, isso não quer dizer que o que criarmos tenha de ser entendido racionalmente, nem, em contraposição a isso, tenha de ser, voraz e arrebatadoramente, pura e simplesmente, sensorial, a ponto de que nenhuma leitura cotidiana possa ser feita.

Os fragmentos estão sendo lançados com a clareza sobre a necessidade de que, independentemente, de escolhas estéticas e temáticas, o que não se pode perder de vista é algo que nos reveste e nos constrói, é aquela névoa que nos atravessa por conseguirmos, a partir da assimilação do exterior, movermo-nos primeiro internamente.
Como se as víceras estivessem sendo reviradas, e as mesmas distorções sonoras de cordas, pedais, tambores, pratos e imagens soassem nos membros, de corpos que buscam uma tempestade física. De modo que possam ser entrecortados e permeados ora por uma brutalidade animalesca, ora por sutilezas, silêncios e simplicidades. Caminhar pelo fio tênue que separa, ao mesmo tempo em que interliga a "normalidade" transitória de gestos e ações do cotidiano, a bestialidade existente nas subjetividades em tormenta dos corpos.

(Karla Maria Passos)

Nenhum comentário: